O Atlético-MG enfrenta uma grave crise interna às vésperas do decisivo confronto contra o Atlético Bucaramanga, válido pela volta dos playoffs da Copa Sul-Americana, nesta terça-feira (23), na Arena MRV. Em meio à pressão esportiva, o clube mineiro lida com uma onda de cobranças judiciais e extrajudiciais por parte de jogadores devido a salários, direitos de imagem e premiações atrasadas.
O estopim da crise foi a ação judicial movida por Rony, contratado junto ao Palmeiras por 6,5 milhões de euros no início do ano. O atacante solicitou a rescisão unilateral de contrato alegando inadimplência do clube, incluindo dois meses de FGTS em atraso, pendências salariais, valores de luvas e direitos de imagem. A atitude de Rony, que não se reapresentou ao elenco, motivou outros atletas a também acionarem o clube.

Gustavo Scarpa, Igor Gomes e Júnior Santos optaram por vias extrajudiciais, notificando a diretoria sobre as mesmas pendências financeiras. A expectativa é de que esses jogadores aguardem o desfecho da ação de Rony para decidirem se seguirão ou não o mesmo caminho judicial, o que pode ampliar ainda mais a crise no vestiário.
A diretoria do Atlético tenta evitar uma debandada, mas as dificuldades financeiras são profundas. Com uma dívida estimada em R$ 1,4 bilhão, conforme confirmou Rafael Menin, sócio majoritário da SAF, o clube tem enfrentado sucessivos atrasos salariais desde 2023. Apesar dos altos investimentos feitos na transformação em Sociedade Anônima do Futebol e na contratação de nomes de peso como Scarpa (5 milhões de euros), os problemas estruturais persistem.

Além dos atrasos salariais e no FGTS, o clube ainda não pagou premiações referentes à conquista do Campeonato Mineiro de 2025 e segue em débito com os direitos de imagem de julho. A falta de transparência e de soluções imediatas gerou insatisfação entre os jogadores, que passaram a manifestar desconforto publicamente.
Líderes do elenco, como Hulk, já demonstraram incômodo com a situação, e o ambiente no vestiário, antes harmonioso, hoje é marcado por tensão. Enquanto isso, a torcida aumenta a pressão, com protestos recentes na Cidade do Galo. Após derrotas no Brasileirão para Bahia e Palmeiras, cânticos como “Ou joga por amor, ou joga por terror” têm sido direcionados a atletas como Scarpa e Júnior Santos.
O impacto técnico no elenco é evidente. Scarpa soma 98 jogos, 11 gols e 18 assistências; Igor Gomes tem 127 partidas e oito gols; e Rony marcou 10 vezes em 28 jogos, sendo titular absoluto antes da crise. A saída desses jogadores pode comprometer o planejamento esportivo do Galo em um momento decisivo da temporada.
O clube tenta regularizar os pagamentos e acalmar os ânimos, mas o cenário é de instabilidade total. Além da Sul-Americana, o Atlético tem pela frente o Flamengo no próximo sábado (27), pelo Campeonato Brasileiro, em mais um desafio dentro e fora de campo.




