A semifinal entre Cruzeiro e Corinthians, no Mineirão, voltou a colocar a arbitragem no centro das discussões. Vídeos que viralizaram nas redes sociais mostram que o gol marcado por Memphis Depay teria sido concluído com um toque de mão — lance que passou despercebido pela equipe do VAR, formada por Rodrigo D’Alonso Ferreira, Helton Nunes e Pablo Ramon Gonçalves Pinheiro.
No campo, o árbitro Anderson Daronco chegou a informar a cabine sobre um possível toque irregular, mas, mesmo com múltiplas câmeras à disposição, o VAR não identificou infração. A situação gerou questionamentos e ironias de torcedores: as câmeras dos influenciadores à beira do gramado estariam melhor posicionadas do que o equipamento oficial da CBF?

A decisão da partida, portanto, ocorreu com um gol considerado irregular pelos torcedores celestes, reacendendo um debate antigo: erros de arbitragem em jogos entre Cruzeiro e Corinthians, especialmente em momentos decisivos. E esse histórico tem episódios marcantes.
2010: o jogo que ficou marcado como o “maior roubo da história dos pontos corridos”
Na reta final do Brasileirão de 2010, Cruzeiro, Corinthians e Fluminense disputavam ponto a ponto o título. A penúltima rodada, no Pacaembu, colocou frente a frente Corinthians e Cruzeiro em um duelo que ganhou repercussão internacional pelos erros de arbitragem.
Segundo jornais da Argentina, Portugal e de outros países, o árbitro Sandro Meira Ricci teve atuação desastrosa. Publicações como Olé (Argentina), Record e A Bola (Portugal) classificaram a partida como um dos maiores escândalos da era dos pontos corridos.
Ricci deixou de marcar faltas claras, ignorou três pênaltis a favor do Cruzeiro, inverteu diversas jogadas e expulsou atletas da Raposa de forma contestável. Os auxiliares também acumularam falhas: Roberto Braatz, considerado um dos melhores bandeirinhas do país à época, errou repetidamente contra o Cruzeiro; o assistente Alessandro Álvaro Matos assinalou dois impedimentos “bizarramente equivocados” ainda no primeiro tempo.
Para completar, o árbitro ainda marcou um pênalti extremamente duvidoso sobre Ronaldo Fenômeno, convertido aos 43 minutos do segundo tempo, dando a vitória ao Corinthians por 1 a 0.
O jornal A Bola descreveu:
“Ronaldo marcou de pênalti, aos 88, em lance polêmico que garantiu a vitória do Corinthians sobre o Cruzeiro. A falta que gerou a expulsão do zagueiro foi muito contestada, assim como todo o trabalho da arbitragem.”
Já o diário Olé foi ainda mais incisivo:
“Com um pênalti inexistente, o Timão é líder no ano do seu centenário.”
Um roteiro de lance a lance que explicita a indignação
O Cruzeiro fez partida consistente, criou as principais oportunidades e chegou diversas vezes com perigo. Mesmo assim, esbarrou nas decisões do trio de arbitragem.
Lances ignorados, como a queda de Wellington Paulista, quando entraria livre na área, aumentaram a revolta dos jogadores. As substituições de Tite e Cuca demonstravam que o jogo era equilibrado — até que, aos 40 do segundo tempo, Ricci marcou o pênalti inexistente que mudaria a história do campeonato.
Após o gol, os jogadores do Cruzeiro protestaram batendo palmas em direção à arbitragem, enquanto Cuca foi expulso por invadir o campo em indignação.
Velha discussão, novo capítulo
A polêmica do gol de Depay não é um episódio isolado na memória do torcedor mineiro. Para muitos, trata-se apenas de mais um capítulo de uma longa sequência de erros em confrontos decisivos contra o Corinthians.
Enquanto a tecnologia deveria diminuir as controvérsias, episódios como o da semifinal reacendem o debate sobre a efetividade do VAR no Brasil — e se, de fato, as câmeras oficiais captam melhor o jogo do que os celulares dos influenciadores à beira do gramado.




