Carlo Ancelotti convocou a Seleção Brasileira nesta segunda-feira (25), e confesso: gostei do que vi. Não porque a lista seja perfeita — nunca é —, mas porque ela mostra algo que há muito tempo eu não via: coragem para mudar. As surpresas ficaram por conta de Caio Henrique e Douglas Santos, dois laterais que pediam passagem, o zagueiro Fabrício Bruno, que vem crescendo no cenário nacional, e o atacante Kaio Jorge, um daqueles talentos que sempre geraram expectativa e agora finalmente têm a chance de mostrar serviço. São escolhas que quebram a mesmice e, ao mesmo tempo, abrem portas para novas histórias dentro da Seleção.
Outro ponto positivo é o retorno de Lucas Paquetá, Luiz Henrique e João Pedro. Paquetá é fundamental pela criatividade, enquanto os outros dois dão opções de profundidade no ataque — algo que o Brasil vinha carecendo.
Mas, como sempre, as ausências chamam atenção. Neymar segue fora por lesão e já não podemos depender da sua volta como antes. O futuro da Seleção precisa ser pensado sem ele como protagonista absoluto. E Vinícius Júnior, suspenso contra o Chile e poupado da Bolívia por causa da altitude, foi um corte estratégico de Ancelotti. Concordo: não faz sentido expor nosso melhor jogador em um jogo que vale apenas para cumprir tabela.
Agora, se tem uma mensagem clara nessa lista, é esta: ninguém tem lugar garantido. O corte de nomes que estavam na primeira convocação — Carlos Augusto, Danilo, Beraldo, Léo Ortiz, Andreas Pereira, Éderson, Gerson e Antony — mostra que Ancelotti não é refém de “panelinhas” nem de pressões externas. E isso, para mim, já é um baita avanço.
O treinador italiano ainda está no início de sua trajetória com a Seleção — dois jogos apenas, um empate contra o Equador e uma vitória sobre o Paraguai. Mas a impressão é boa. Contra Chile e Bolívia, não espero espetáculo, mas quero ver personalidade, rodagem de elenco e, principalmente, novas alternativas sendo testadas.
Ancelotti deixou claro que não tem medo de mexer. E se a Seleção precisava de algo depois de tantas decepções recentes, era justamente disso: um treinador que arrisque, que ouse e que faça valer o peso da camisa canarinho.




